Bom, meu nome é Thyciane, estudante e cinéfila quando disposta, e vou estar por aqui vez ou outra postando algo sobre a sétima arte ou sobre qualquer outro ramo do entretenimento. Usei o meu primeiro post para discutir um pouco sobre a premiação dos Academy Awards, os Oscars, que serão entregues no próximo dia 22 de fevereiro. Assim, hoje vai a primeira parte da exposição dos grandes filmes indicados e como vem sendo a repercussão destes nos festivais que precedem a premiação da Academia. Fiquem com os 4 primeiros filmes. Clique nas imagens para assistir aos trailers. Clique aqui para ver a 2ª parte e aqui para ver a 3ª parte do especial.
O Curioso Caso de Benjamin Button (EUA, 2008). Escrito por Eric Roth (baseado em romance de F. Scott Fitzgerald). Dirigido por David Fincher. O primeiro pensamento que eu tive quando os créditos finais de "O Curioso Caso de Benjamin Button" começaram a subir foi que a edição do filme foi mal feita. Claro que isso é uma brincadeira – o filme até concorre ao prêmio de melhor edição - mas o fato é que ele é muito longo, cerca de 160min. Apesar disso, a sua mensagem é colossal, embora às vezes caia num lugar-comum: A irreversibilidade do tempo. Mesmo com os pequenos defeitos, o filme vale pelo conjunto da obra.
Filme com o maior número de indicações, treze, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, “Benjamin Button” conta a trajetória da vida de Benjamin, vivido por um Brad Pitt em seu ápice como ator. Ao contrário dos seres humanos normais, Benjamin nasce idoso e vai rejuvenescendo com o passar dos anos, sendo criado num asilo. É a narrativa dos momentos da vida de uma pessoa, só que as experiências vividas pelo protagonista se apresentam ao avesso. Enquanto criança, ele se depara constantemente com a morte de pessoas próximas; o primeiro emprego conseguido na juventude, ainda preso no corpo de um velho. Tudo na vida de Benjamin destoa da dos demais. Ele mesmo sabe que é único. Ainda assim, as relações que ele estabelece são o que há de mais humano: o romance entre ele e Daisy é peculiar ao extremo, fugindo dos estereótipos hollywoodianos. Ao apaixonar-se pela menina de olhos claros, Benjamin luta, em vão, contra o tempo, pois o caminho dos dois é simplesmente oposto. Não importa para que lado ele se desloque, o tempo passará e haverá o desencontro, e ele sabe disso. Assim, desde o início o romance está fadado ao fracasso, porém durante os curtos anos em que possuem idades similares, Benjamin e Daisy se entregam ao amor que lhes foi destinado.
O que também chama a atenção no filme é a qualidade dos efeitos especiais utilizados, principalmente para caracterizar o personagem de Pitt, enquanto idoso. O ator está simplesmente irreconhecível devido às camadas de efeitos de envelhecimento gerados por computador.
O fato é que a Academia caiu de amores pelo filme, indicando-o nas grandes categorias. Ainda assim, o número de indicações, sugerem alguns, foi excessivo, principalmente nas técnicas, onde haveria filmes mais capacitados. Mesmo assim, não duvido nada que “O Curioso Caso de Benjamin Button” saia como um dos grandes vencedores da noite.
Quem Quer Ser Milionário? (Reino Unido, Índia, 2008). Escrito por Simon Beaufoy. Dirigido por Danny Boyle. Andam dizendo que Slumdog Millionaire seria o que Juno e Little Miss Sunshine foram para os seus respectivos Oscars: Um filme com orçamento reduzido que conseguiu passar uma boa história. Bobagem, é bem mais que isso. Embora realmente possua um orçamento reduzido para os padrões dos grandes filmes - cerca de 15 milhões de dólares - Slumdog consegue a proeza, coisa rara, de intercalar com perfeição o drama com o humor e cenas fortes com um final que arrebata o telespectador. Nem o inglês com forte sotaque indiano incomoda, pois se sabe que ele é imprescindível para o bom desenrolar da estória. Some-se a isso a trilha sonora, uma forte batida de inspiração indiana que muito remete à periferia de Mumbai, onde boa parte do filme se passa, e que é cotada como favorita à estatueta do dia 22 de fevereiro.
Com dez indicações ao prêmio, incluindo Melhor filme e Melhor diretor, Slumdog Millionaire chega ao Oscar tendo arrebatado os prêmios de Melhor Filme no Globo de ouro e no SAG Awards, tidos como prévias do Oscar. Mesmo assim, tendo Benjamim Button - líder em indicações, são treze no total - como concorrente direto e sabendo que nos últimos anos os Academy Awards não vêm seguindo a tendência dos prêmios anteriores, pode-se esperar tudo.
Ainda que saia de mãos vazias, o que acho dificílimo, Slumdog é um filme que, acima de tudo, merece ser visto, pois o roteiro é muito bem bolado. Ao contar a estória de Jamal Malik, jovem indiano analfabeto que tem a chance de participar da versão indiana do programa "Quem quer ser um milionário?"(mesmo estilo do extinto Show do Milhão brasileiro) e que surpreende a todos ao chegar à última pergunta do jogo e estar prestes a ganhar 20 milhões de rúpias, cerca de 950 mil reais. O programa termina, e a pergunta final será feita no dia seguinte, em sua nova edição. Nesse intervalo, Jamal é, injustamente, acusado de trapacear, pois segundo a organização o jovem não teria como saber as respostas sendo analfabeto. A partir daí é que o filme se desenrola, pois Jamal precisa contar à polícia a história de sua vida para provar sua inocência. Se Jamal ganha ou não o dinheiro é coisa secundária. O que ele ganha com certeza é sua libertação, literal e metaforicamente falando.
Como já disse, o filme é favorito à estatueta de Melhor Trilha Musical, porém nas outras categorias o impasse é generalizado.
Foi Apenas um Sonho (EUA, 2008). Escrito por Justin Haythe (baseado em romance de Richard Yates). Dirigido por Sam Mendes. O filme, antes tido como uma das cartas certas para concorrer aos prêmios principais, surpreendeu a muitos ao não ser indicado nem a melhor filme nem a melhor diretor. Nem Kate Winslet, que arrematou o Globo de Ouro de Melhor Atriz por sua atuação no filme, escapou da maré de baixa receptividade do filme pela Academia - prova do talento da atriz, no entanto, é que ela concorre na mesma categoria pelo seu papel em The Reader, no qual contracena com o também britânico Ralph Fiennes. Mesmo considerado injustiçado por alguns, seria exagero dizer que Revolutionary é um filme arrebatador. Apesar de emocionar em alguns momentos e de poder contar com atuações impecáveis de Leonardo DiCaprio e principalmente de Kate Winslet, que contracenam novamente depois de doze anos, o filme perde um pouco de ritmo, talvez devido à excessiva preocupação de Sam Mendes, diretor do longa, em se manter fiel ao livro homônimo no qual o filme é baseado.
Ainda assim, Revolutionary Road encontra sim espaço entre os grandes da nova safra pois, enquanto um filme de drama, cumpre o seu papel. A película narra a história de um jovem casal(DiCaprio e Winslet) no contexto dos Estados Unidos da década de cinquenta. Apesar de apaixonados, os dois veem, no correr dos anos que, todos os sonhos e planos por eles idealizados foram pouco a pouco corroídos pelo tempo. É o retrato da derrota, de como até mesmo um amor verdadeiro pode se deteriorar de maneira irreversível quando o cotidiano não é aquele que foi almejado. O filme mostra a tentativa de Frank e April de se livrarem da vida no subúrbio - refúgio dos americanos de classe média - e o choque que eles sofrem ao constatar a impossibilidade de tal ato, pois há os filhos pequenos, o trabalho odiado mas que garante a sobrevivência e a pressão dos amigos. Frustração talvez seja o sentimento mor expresso pelo filme. Um firme e onipresente sentimento de frustração que acompanha o espectador até depois de seus créditos finais.
As chances do filme de levar uma estatueta para casa são quase nulas na categoria Ator coadjuvante, em que o ator Michael Shannon concorre pois, mesmo que o ganhador não seja o falecido Heath Ledger (ele já levou o Globo de ouro e o Sag Awards, para citar os principais), ainda há outros empecilhos como o ótimo Josh Brolin, indicado por seu papel em Milk.
Já nas outras categorias a que concorre, Direção de Arte e Figurino, suas chances são melhores, mas não há favoritismo.
A Duquesa (Reino Unido, 2008). Escrito por Jeffrey Hatcher e Anders Thomas Jensen. Dirigido por Saul Dibb. Concorrendo a duas estatuetas - Melhor Direção de Arte e Melhor Figurino - o filme britânico esbanja dos espartilhos e das perucas para expor a cinebiografia de Georgiana Cavendish, Duquesa de Devonshire. Keira Knightley encarna com devoção o papel título, contracenando com um Ralph Fiennes que, apesar de ter sido indicado ao Globo de Ouro de Melhor Ator Coadjuvante, foi ignorado pela Academia mas que, mesmo assim, representa um impecável Duque de Devonshire. O filme vale também pelo seu valor histórico, ao mostrar a Inglaterra do século XVIII não só em sua proeminente ostentação como também o cotidiano sujo e cheio de intrigas que impregnava a aristocracia britânica.
Ao mostrar uma mulher que era amada por toda a corte inglesa mas era infeliz no casamento, as comparações com a Princesa Diana foram inevitáveis, ainda mais sabendo-se que Diana era descendente da Duquesa. A publicidade do filme explorou esse lado, mas não passa de jogo de marketing. O filme em si não faz nenhuma referência à Princesa de Gales.
Provavelmente sairá de mãos vazias, pois em ambas as categorias a que concorre os oponentes são de peso. O máximo que se pode cogitar é uma estatueta, talvez como uma maneira de distribuir os prêmios e evitar a saída de um só grande vencedor da festa.
Filme com o maior número de indicações, treze, incluindo Melhor Filme e Melhor Diretor, “Benjamin Button” conta a trajetória da vida de Benjamin, vivido por um Brad Pitt em seu ápice como ator. Ao contrário dos seres humanos normais, Benjamin nasce idoso e vai rejuvenescendo com o passar dos anos, sendo criado num asilo. É a narrativa dos momentos da vida de uma pessoa, só que as experiências vividas pelo protagonista se apresentam ao avesso. Enquanto criança, ele se depara constantemente com a morte de pessoas próximas; o primeiro emprego conseguido na juventude, ainda preso no corpo de um velho. Tudo na vida de Benjamin destoa da dos demais. Ele mesmo sabe que é único. Ainda assim, as relações que ele estabelece são o que há de mais humano: o romance entre ele e Daisy é peculiar ao extremo, fugindo dos estereótipos hollywoodianos. Ao apaixonar-se pela menina de olhos claros, Benjamin luta, em vão, contra o tempo, pois o caminho dos dois é simplesmente oposto. Não importa para que lado ele se desloque, o tempo passará e haverá o desencontro, e ele sabe disso. Assim, desde o início o romance está fadado ao fracasso, porém durante os curtos anos em que possuem idades similares, Benjamin e Daisy se entregam ao amor que lhes foi destinado.
O que também chama a atenção no filme é a qualidade dos efeitos especiais utilizados, principalmente para caracterizar o personagem de Pitt, enquanto idoso. O ator está simplesmente irreconhecível devido às camadas de efeitos de envelhecimento gerados por computador.
O fato é que a Academia caiu de amores pelo filme, indicando-o nas grandes categorias. Ainda assim, o número de indicações, sugerem alguns, foi excessivo, principalmente nas técnicas, onde haveria filmes mais capacitados. Mesmo assim, não duvido nada que “O Curioso Caso de Benjamin Button” saia como um dos grandes vencedores da noite.
Com dez indicações ao prêmio, incluindo Melhor filme e Melhor diretor, Slumdog Millionaire chega ao Oscar tendo arrebatado os prêmios de Melhor Filme no Globo de ouro e no SAG Awards, tidos como prévias do Oscar. Mesmo assim, tendo Benjamim Button - líder em indicações, são treze no total - como concorrente direto e sabendo que nos últimos anos os Academy Awards não vêm seguindo a tendência dos prêmios anteriores, pode-se esperar tudo.
Ainda que saia de mãos vazias, o que acho dificílimo, Slumdog é um filme que, acima de tudo, merece ser visto, pois o roteiro é muito bem bolado. Ao contar a estória de Jamal Malik, jovem indiano analfabeto que tem a chance de participar da versão indiana do programa "Quem quer ser um milionário?"(mesmo estilo do extinto Show do Milhão brasileiro) e que surpreende a todos ao chegar à última pergunta do jogo e estar prestes a ganhar 20 milhões de rúpias, cerca de 950 mil reais. O programa termina, e a pergunta final será feita no dia seguinte, em sua nova edição. Nesse intervalo, Jamal é, injustamente, acusado de trapacear, pois segundo a organização o jovem não teria como saber as respostas sendo analfabeto. A partir daí é que o filme se desenrola, pois Jamal precisa contar à polícia a história de sua vida para provar sua inocência. Se Jamal ganha ou não o dinheiro é coisa secundária. O que ele ganha com certeza é sua libertação, literal e metaforicamente falando.
Como já disse, o filme é favorito à estatueta de Melhor Trilha Musical, porém nas outras categorias o impasse é generalizado.
Ainda assim, Revolutionary Road encontra sim espaço entre os grandes da nova safra pois, enquanto um filme de drama, cumpre o seu papel. A película narra a história de um jovem casal(DiCaprio e Winslet) no contexto dos Estados Unidos da década de cinquenta. Apesar de apaixonados, os dois veem, no correr dos anos que, todos os sonhos e planos por eles idealizados foram pouco a pouco corroídos pelo tempo. É o retrato da derrota, de como até mesmo um amor verdadeiro pode se deteriorar de maneira irreversível quando o cotidiano não é aquele que foi almejado. O filme mostra a tentativa de Frank e April de se livrarem da vida no subúrbio - refúgio dos americanos de classe média - e o choque que eles sofrem ao constatar a impossibilidade de tal ato, pois há os filhos pequenos, o trabalho odiado mas que garante a sobrevivência e a pressão dos amigos. Frustração talvez seja o sentimento mor expresso pelo filme. Um firme e onipresente sentimento de frustração que acompanha o espectador até depois de seus créditos finais.
As chances do filme de levar uma estatueta para casa são quase nulas na categoria Ator coadjuvante, em que o ator Michael Shannon concorre pois, mesmo que o ganhador não seja o falecido Heath Ledger (ele já levou o Globo de ouro e o Sag Awards, para citar os principais), ainda há outros empecilhos como o ótimo Josh Brolin, indicado por seu papel em Milk.
Já nas outras categorias a que concorre, Direção de Arte e Figurino, suas chances são melhores, mas não há favoritismo.
Ao mostrar uma mulher que era amada por toda a corte inglesa mas era infeliz no casamento, as comparações com a Princesa Diana foram inevitáveis, ainda mais sabendo-se que Diana era descendente da Duquesa. A publicidade do filme explorou esse lado, mas não passa de jogo de marketing. O filme em si não faz nenhuma referência à Princesa de Gales.
Provavelmente sairá de mãos vazias, pois em ambas as categorias a que concorre os oponentes são de peso. O máximo que se pode cogitar é uma estatueta, talvez como uma maneira de distribuir os prêmios e evitar a saída de um só grande vencedor da festa.






Parabéns pelos textos, estão muito bem escritos!
Recomendo também a leitura da resenha que é destino do link: http://recantodasletras.uol.com.br/resenhasdefilmes/1414341